ARTIGO – EVENTOS E PIB
São Paulo, 2 de junho de 2021
O setor de eventos e a rápida recuperação da economia no país
Nós, do setor de eventos de cultura e entretenimento, fomos os mais impactados pela pandemia do coronavírus (Covid-19). Estamos totalmente paralisados desde março do ano passado, com empresas sem faturamento, desemprego crescente e com poucas perspectivas de retorno. Temos fomentado uma conversa franca com governos e com a sociedade sobre a gravidade da situação, sempre conscientes da necessidade de respeitar os protocolos necessários para que esta crise sanitária seja superada o mais rápido possível.
É fundamental, no entanto, que se pense na retomada da economia e quero, neste artigo, fazer uma provocação. Projeções da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apontam que o PIB do país crescerá 3,7% em 2021 e 2,5% em 2022, como resultado da recuperação do consumo das famílias e de investimentos. Bancos, como o Itaú Unibanco por exemplo, preveem um crescimento de 4% para 5% em 2021. Estes índices podem ser ainda maiores se nos mantivermos vivos.
Sem o auxílio de medidas governamentais urgentes, a sobrevivência das empresas do nosso segmento corre risco. O Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos – PERSE, aprovado por unanimidade pela Câmara e pelo Senado e sancionado recentemente pelo presidente, trouxe um alento, mas é preciso evoluir mais. Em especial, é fundamental rever dois vetos do governo ao projeto: a proposta de isentar as empresas atendidas pela PERSE de pagar os tributos federais (PIS, PASEP, COFINS, IRPJ e CSLL) por 5 anos e a indenização para empresas do setor que tiveram redução superior a 50% do faturamento entre 2019 e 2020.
Com apoio técnico da Fundação Getúlio Vargas, o G20, grupo composto por 21 associações que representam a cadeia do turismo, realizou um estudo sobre os impactos do programa. De acordo com a pesquisa, os investimentos aproximados de R$ 5,8 bilhões por ano pelo governo, com as isenções previstas no texto original, seriam recuperados em três anos com base no volume total de impostos arrecadados no país. O investimento representa menos de 2% do total em renúncias fiscais realizadas anualmente pelo Governo Federal. Em 2019, só o turismo contribuiu com R$ 270 bilhões no PIB do país e respondeu por 2,9 milhões de empregos diretos.
É fundamental, portanto, que se veja o setor com mais atenção. Temos a capacidade, e tenho reiterado isso insistentemente, de promover a mais rápida recuperação da economia. Nosso hub setorial abrange 52 setores interdependentes, tais como companhias aéreas, restaurantes, segurança privada, que, juntos, representam R$ 51,4 bi em Impostos Federais, R$ 314,2 bi de faturamento e 4,5% do PIB. São aproximadamente 640 mil empresas e 2,2 milhões de Microempreendedores Individuais (MEIs) que podem impulsionar imediatamente a economia na retomada.
Pesquisa realizada pela Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (ABRAPE), financiada pela Ambev e realizada em parceria com a consultoria Provokers, revela que 82% dos entrevistados sentem falta de frequentar eventos. Isso é, portanto, uma demanda reprimida, esperando dias melhores. Mas enquanto esses dias melhores não chegam, é essencial que haja uma proteção das empresas do segmento para que se mantenham vivas.
Doreni Caramori Júnior é empresário e presidente da Associação Brasileira de Promotores de Eventos (ABRAPE).