Notícias

Futuro do setor de eventos de cultura e entretenimento passa pelas inovações tecnológicas

4 de novembro de 2022
10:58

Redução de custos, aumento de eficiência, garantia de produtividade e um atendimento de qualidade ao cliente estão entre os benefícios apontados pelos especialistas

As inovações tecnológicas prometem ser um dos principais pilares de recuperação e desenvolvimento do setor de eventos, com a redução de custos, aumento de eficiência, garantia de produtividade e um atendimento de qualidade ao cliente. O papel das novas ferramentas no crescimento do mercado foi apontado por empresários e especialistas no segundo dia do 7º Congresso da Associação Brasileira dos Produtores de Evento (Abrape), que aconteceu dias 25 e 26 de outubro no Centro de Convenções Anhembi, em São Paulo. Em paralelo ao encontro, aconteceu a 2ª Expo Abrape, com a presença de 60 expositores demonstrando suas estruturas e serviços.

“Precisamos ver a tecnologia como uma oportunidade de gerar mais receita. No início, pode até parecer apenas um custo extra, mas no final é um resultado. Mas, para convencer o produtor de apostar em inovações, precisamos ser transparentes, deixando claro o valor que vamos gerar com a nova estratégia”, disse o fundador e Head de Inovação da Zig The Global Funtech, Carlos Lino, dando o tom do painel e evidenciando importância de o mercado mudar o seu pensamento diante da criação de plataformas desenvolvidas para facilitar e atrair o público. E alguns cases de sucesso mostraram, na prática, como transformar o futuro dos eventos.

A análise de Lino foi corroborada por Hitendra Patel, considerado o Guru da Inovação. Ele afirma que a inovação deve ser relevante no futuro, já prevendo o surgimento de novas tecnologias e uma realidade onde as pessoas serão diferentes. “Grandes empresas devem permanecer focadas ou morrerão. O tempo para reagir a um mundo em mudança diminuiu significativamente devido à digitalização, globalização, terceirização dos negócios e movimentação de talentos”, salienta Patel, respondendo ao questionamento: Como ter ideias maiores, melhores e mais ousadas? “Tenha muitos e diferentes pontos. Em seguida,  conecte, desconecte e reconecte os pontos”.

De autosserviço de chopeiras a investimentos em shows por meio de aplicativo, não faltam possibilidades para tornar a experiência do consumidor mais fácil, ágil e completa. “Precisamos ter uma abertura para estarmos lá cada vez mais expressivos”, mencionou o cofundador da Mytapp, Mateus Bodanese. A startup é responsável por um sistema pioneiro em autosserviço de chopp para bares desde 2015. O projeto foi adaptado para o setor de eventos, atendendo a suas peculiaridades e se tornando um case de sucesso. A iniciativa foi testada na última edição do Oktoberfest.

“O grande ponto do autosserviço é que cada pessoa vira um atendente e todas se servem ao mesmo tempo em uma operação única e sem erros. A redução de desperdício é outro benefício importante. Para escalar a operação, não é preciso, por exemplo, subir o número de pessoas. Isso significa que podemos dobrar as torneiras sem a necessidade de duplicar a quantidade de pessoas. Além disso, quanto mais o público se serve, mais observam, aprendem e se auto ensinam”, explicou Bodanese.

Na visão do fundador e CEO da Startup EShows, Octávio Brandão Costa, cada vez mais os produtores estão abertos à inovação e isso deve permanecer uma tendência, pois “quem não inovar vai ficar para trás”, afirmou. “Às vezes nos tira da nossa zona de conforto, mas quando começamos a ter esse envolvimento com tecnologia e inovação, constatamos os resultados”, completou. O executivo apresentou uma plataforma que facilita o processo de contratação de música ao vivo do começo ao fim e que já conta com uma base de 7 mil projetos cadastrados e R$ 38 bilhões transacionados.

“O Brasil é o País que mais se envolve com músicas, com 83% das pessoas apaixonadas por música. Mas, o segmento precisa driblar questões, como falta de segurança, busca por artistas de qualidade. Com o app, os contratantes encontram projetos de forma ágil, há uma página de divulgação do artista, as transações são feitas diretamente com o cantor e para o artista também existe uma construção do score”.

Na Unike, o lema é “somos segurança vestida de experiência”, afirmou o fundador e CEO da empresa, André Barreto. A startup é conhecida pela criação de tecnologia que promove a não fricção, promovendo experiências muito mais fluídas e seguras para as pessoas nas suas diversas jornadas do dia a dia. A DHL, do setor de logística, é uma das clientes da Unike. De acordo com Barreto, antes de aderir à ferramenta, 31% dos colaboradores da empresa perdiam uma hora do seu dia no controle de acesso, registro de ponto e briefing do centro de distribuição. “Resolvemos isso pela plataforma, onde foi feito o cadastro dos funcionários. Reduzimos para 14 minutos no total e garantimos um ganho de produtividade de 27 minutos por pessoa”.

Para aqueles que desejam ingressar no universo dos investimentos, mas não sabem por onde começar, os eventos podem ser uma boa opção, conforme garantiu o fundador e CEO da Div Hub, Ricardo Wendel, que subiu ao palco com a primeira plataforma no mundo a fragmentar valores mobiliários, sendo capaz de gerar R$ 1 milhão em apenas uma hora por meio de investidores interessados em aplicar seu capital em eventos como o “Noites Cariocas” e o “UltimateDrift”. “Se você investiu, têm acesso a benefícios e no final recebe o seu dinheiro de volta. É só baixar o app, cadastrar, pagar o boleto e investir em algo que você gosta. A facilidade de não precisar estar listado na bolsa para ter acesso ao capital”.

Shows

Todos já sabem que é preciso olhar para frente, porém é impossível ignorar os impactos positivos ou negativos da crise sanitária da Covid-19 em todos os setores da economia. No mercado de eventos, o planejamento dos produtores e empresários para 2023 traz a perspectiva de um equilíbrio ao mesclar um primeiro semestre robusto, devido à retomada dos shows, após o isolamento social provocado pela pandemia, e um segundo semestre com queda na demanda também pela existência da eleição, Copa do Mundo e Réveillon.

“No início da retomada, senti um excesso de eventos, sobretudo em praças do interior, no Paraná. Teve, por exemplo, um show da Lauana Prado e tinha outro no mesmo dia, a poucos metros. Foi muito afoito esse retorno, todos queriam pegar essa onda de demanda reprimida e as pessoas esqueceram que os indivíduos são os mesmos. Agora, eu acho que o termômetro está ajustado e o ano que vem vai continuar nessa estabilidade”, disse o Head Comercial da GTS no Brasil, Rafael HennemannKlaser, que trouxe outro aspecto do período pandêmico: a dificuldade de desenvolver artistas novos. A observação também foi feita pelo presidente da Universal Music, Paulo Lima.

“A pandemia tirou a ferramenta mais importante de quem trabalha com música, o palco, onde o artista coloca a sua verdade”, destacou Lima. “É nos shows que conseguimos ter os fãs. Vimos que essa engrenagem é muito importante”, completou Klaser.

A preocupação com a experiência do público, cada vez mais exigente, também veio à tona durante o painel “Perspectivas para o mercado de shows em 2023”. Nesse cenário, entram os festivais que, segundo os produtores, devem ter um formato diferenciado. “É uma forma de fazer uma entrega com outras particularidades, como mais tempo de show, por exemplo. O público quer se sentir dentro de uma experiência. Quem não tiver esse tipo de preocupação vai perder público”, ressaltou o fundador e Diretor da GH Music, Andriws Guedes de Moraes. “Acho que o festival é o futuro”, reiterou o empresário de grandes nomes do Agropop, Rodolfo Alessi.

Assim como o investimento em inovação, a destinação de verbas para a sustentabilidade também já foi vista pelo viés dos gastos, causando conflitos, observou o General Manager para a América Latina da Liga Mundial de Surf, Ivan Martinho. No entanto, com as novas políticas de ESG e até mesmo exigências voltadas à preservação do meio ambiente, o panorama começou a mudar. “A solução foi separar e criar uma ONG. Temos, com isso,  ações como limpezas de corais, fornecedores que oferecem materiais que não afetem o meio ambiente. Não aceitamos o patrocínio de empresas poluidoras”.

A agenda ESG (Environmental, Social, Governance, em inglês)  também está presente no mercado de eventos e os desafios e oportunidades para explorar o tripé ambiental, social e corporativa foram os temas escolhidos para encerrar os trabalhos do 7°CBPE. Com mediação de Rodrigo Figueiredo, vice-presidente de Sustentabilidade e Suprimentos da Ambev e participação do diretor de Relações Corporativas da companhia, Rodrigo Moccia, cases de sucesso nas três esferas de práticas e diretrizes deram o tom da discussão.

Ter uma relação saudável com os consumidores também faz parte do entendimento de empresas como a Ambev, que tem no consumo responsável uma das suas prioridades. A jornada da conscientização do consumo responsável de bebidas está no DNA da companhia e começou abordando a conscientização do consumo de bebidas alcoólicas entre os jovens e em seguida sobre os riscos à direção. Agora, nesta etapa mais madura, a companhia mantém o foco em beber com moderação, e em todas as fases os eventos foram estrategicamente utilizados como plataformas para multiplicar a mensagem sobre a importância do consumo moderado.

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram